Uma primeira palavra para os Jogos Olímpicos que decorreram em Pequim, sublinhando a magistral cerimónia de abertura dos jogos e o fantástico encerramento dos mesmos, um espectáculo cénico digno de registo para mais tarde recordar, demonstrando todo o potencial da China ao resto do mundo. Para mais tarde recordar também as oito medalhas conquistadas por Michael Phelps com sete recordes do mundo e um recorde olímpico. Fica na memória ainda o assombro que é Usain Bolt a correr os 100 e os 200 metros, minimizando por completo os seus adversários. A não esquecer, Vanessa Fernandes e Nélson Évora, medalha de prata no Triatlo e medalha de ouro no Triplo Salto respectivamente. Em comum, manifestação pura de vontade de vencer, de força anímica capaz de os levar a superar os seus limites, numa demonstração clara que não basta apenas querer é preciso também acreditar. Só esta força nos move para lá do possível e nos faz sonhar com o impossível.
É também desta força que nos socorremos quando nos encontramos em situações limite, como foi o caso dos sobreviventes do acidente aéreo com um avião da Spanair no aeroporto de Barajas - Madrid. Quando a vida parece querer pregar-nos uma partida é preciso acreditar que somos capazes de pregar nós uma partida à vida. Se desistirmos a meio da partida acabamos mesmo por desvanecer. É preciso acreditar pois que a vida continua.
Umas quantas palavras com um pendor mais pesado para destacar duas situações, uma no plano internacional, outra no plano nacional. Quando olhamos para o mundo e vemos um jogo de xadrez que se joga sem prestar grande atenção ao valor em si dos peões que se movem, mas mais ao objectivo que se quer cumprir com a movimentação dos peões em causa. corremos o risco de esquecer as pessoas para priviligiar a estratégia. Nenhuma estratégia política merece esse privilégio. É este o caso da Ossétia do Sul e Abkházia, dois peões no meio de uma estragégia de afirmação de poder da Rússia face aos Estados Unidos e à NATO. Porque um adversário só se afirma realmente quando está diante de outro adversário do mesmo nível ou superior, e como no xadrez ninguém quer acabar o jogo só com o rei, a rainha e os bispos para cada um dos lados, é preciso movimentar convenientemente as outras peças. É este o caso. Haja uma diplomacia séria que se preocupe em resolver problemas concretos das pessoas em situações concretas, seja no Cáucaso, seja em qualquer parte do mundo. O resultado de um jogo de estratégia geo política tivemo-lo em diversas ocasiões do século XX. Queremos repetir o cenário...
Parte desta ideia de encarar as situações encontramo-la no plano nacional. Quando nos concentramos demasiado no nosso umbigo, nos números ou nas estatísticas, acontece que esquecemos as pessoas concretas com os seus problemas concretos. Resultado, casos crescentes de criminalidade violenta. A realidade concreta de Portugal é que quando as primeiras impressões começam a surgir, assobiamos para o lado, espreitamos os números se for o caso, comparamos com os outros países e chegamos à conclusão que há-de acabar de passar com o tempo, ou então aplica-se um paliativo de curta duração, como seja, muda-se as pessoas para um bairro social, altera-se o Código de Processo Penal, coloca-se mais polícia durante x tempo num determinado local. Conclusão, esquece-se das pessoas e dos seus problemas. Se se fomenta-se a integração social e o emprego, se o Código de Processo Penal puni-se realmente quem prevarica, se as pessoas não fossem um número, mas uma pessoa na verdadeira acepção da palavra, passaria-se isto que se passa. Se somos um Estado de Direito as regras devem ser por inteiro a direito, sejam elas regras jurídicas, sociais ou de distribuição equitativa da riqueza. O sentimento de que o que começa raramente ou nunca tem uma resolução conclusiva asfixia qualquer Estado de Direito. Dá ideia que é isso que sucede em Portugal...
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